segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O Palhaço

Sou um mundo de arco-iris
A industria que te faz sorrir sem telefone
uma colher de xarope em seu pires,
sou a lenda a correr que some

Fora deste palco, sou eu
o rio que corre sob a luz do luar
na rua, na sarjeta, apenas a olhar
eu sinto a dor que rasga um mundo que não o seu

Eu apago as cores do meu rosto
fico pálido e choro,
num circo úmido e sujo
onde se limpam os que não tem cheiro.

Eu tiro a peruca, e deixo a barba
por mais uma semana que se passa
eu fecho os olhos pois não aguento mais
um mundo onde só se cercam de solidão em massa

eu estouro as bexigas, ligo a televisão,
um lugar cheio de cores, coloridas,
e homens que sorriem com paixão

Não tiro meus sapatos, pois eles não cabem
não se adequam a sala de jantar,
não sorrio em meu quarto, sempre estou sem,
não deito pois assim o outro dia vem,
outro dia apenas, pra gargalhar.

Eu não sou o que escrevo,
não mais sou o que digo
pois sou todo desejo,
sou todo ferido.

Eu não lamento suas risadas,
eu me calo e me contento
eu sofro por dentro
eu te faço rir, porque sei que te conforta.

Nós não multiplicamos nadam
nós não somamos a vida
subtraímos a inocência
e dividimos apenas a dor sofrida

E você ri, fora do espetáculo, ri
você entende a falta de harmonia,
só não qualifica a falta de simetria,
de um poema que devia rimar,
você não ri.

O encanto faliu,
a alegria se esgotou
a risada emergiu,
de um mundo escroto e sem amor.

Pois da desgraça e pobreza, você apenas ri
do mendigo e do preso, você ri
deste ridículo poder, você só ri
Pula a parte de domar o leão

Eu encho as bexigas,
está na hora de olhar o céu
vamos sentir o doce do mel
chame sua família, suas amigas

Eu coloco a peruca, arranco risadas desesperadas
eu sou esperado, pelas crianças reprimidas
forçadas a se calarem, pessoas desesperadas
eu não ligo, pra mim, todas são formigas.

O show começa, com as cores
em meu rosto amado pelos pouco amados,
colorem a dor, com as minhas dores,
nossos dias no circo estão contados.

Se te faço rir, é pra você não me ver chorar,
se me calo aqui, é porque tenho tanto a falar
mas palavras inúteis, quero ser mimico!
Sou o silêncio venenoso, sofro só de imaginar
Um mundo onde o mundo não precise de um palhaço pra se alegrar.

FINAL

Pulando, brincando, amando e sorrindo
Agora deixo vocês, vou me indo
deixo vocês com esta vida amada
O que mais vocês esperam? outra piada?

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