quinta-feira, 6 de março de 2014

Diga o que há


Modelo de vista urbano

Como uma criança que se diverte,
eu me atraio para o mais novo e melancólico
caminho para a ressurreição,
eu rastejo pelas folhas desta terra nova, e sinto
o úmido de tantos anos pisados.

uma risada já é o bastante,
eu vejo o desespero ou a solidão angustiante,
eu rastejo a procura de mais água, eu tenho sede
não sou perfeito, sou apenas aceito.

Coitadas, celebridades nas cadeias,
rasgadas, as pessoas comuns em teu seio,
ó liberdade!? subverteste-se! Qual tua significância!
se não a ânsia, a fome, a gula, a ternura da preguiça
enchendo ou tomando chá de policia.

Se tudo está tão claro, pois onde estão as estrelas
é tudo tão longe, se eu pudesse correr, alcançar-te
minha amada, já não haveria mais tempo, pois só
o que vejo de ti, é algo que já fostes, e não serás mais.

O que vejo, o que sinto, se mostro ou crio, eu sempre minto,
não estou a ponto de ver belezas, nada inédito, é tudo copiado,
tudo crédulo, é tudo piada. tudo pra nada, todos por nada,
o desejo apenas de se expressar, um pouco de blefe para adoçar,
um pouco de serenidade para acalmar, e um pouco de loucura,
apenas para elogiar.

Como uma criança que se diverte,
eu minto todos os dias, minhas verdades tão belas
se tornaram obsoletas, pra tí são sempre violetas,
porém violentas, violência é meu amor transgressor
querendo se expressar, mais uma vez do blefe de não amar,
ao invés, é gritar, por tempos menos horrendos, onde
é tudo tão obsceno, tudo ameno, tudo, amo, muito, suco
lucro, doido, surdo, sonho, jogo, modelo de liberdade,
idade do pesadelo, modelo do cartão...

sou teu, me entreguei
a tua estante, não a tua, mas a da passada, passando a vida
sentado na tua gaveta, sereia do aquário do advogado,
medeia do circo do pecado, inveja de um som alado.
sociedade utópica, é um barato.