terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Diário de Lúcio
Eu sou um ser, ser humano especificamente, moro num sistema, solar especificamente, num planeta, apelidado de Terra, ironicamente 75% do planeta é água.
Sou um ser, do gênero masculino, meu nome é Lúcio Oliveira sou outro Lúcio, com o Oliveira que outro Lúcio não tem, mas que com certeza outra pessoa há de se chamar com este nome que vem de meus antepassados.
Hoje eu sonhei com o futuro, com a virada de um ano, que foi decidido como virada por um homem que pode não ter existido, sonhei com uma fração da mulher com quem fiz amor há algum tempo, foi na escada de uma faculdade na qual nunca entrei, o design era claramente o desta faculdade. No mesmo sonho, eu estava numa estrada indo para o lugar no qual eu veria uma data e um evento, veria que há 2014 anos o messias veio e passou uma mensagem, acho que o máximo que foi entendido desta foram ceias, eventos, guerras e religião.
No sonho, em seu fim, eu dançava com outra mulher, de altura menor que a minha, dançava pois tocava My Way, cantada por Frank Sinatra, a mulher não se contentava em sentir a música, havia algum modo dela conseguir expressar o sentimento nela absorvido, seria apenas o de dançar conforme o ritmo.
Há um sentimento melancólico e esperançoso nos fins de anos, se isso é possível. As pessoas desejam anos melhores, desejam ao menos sorrir mais do que no ano em que passou, mas a preocupação é tanta, com uma simples engrenagem que, por um homem que pode não ter existido, não pode parar de rodar.
Eu amei na maior parte deste ano, e terminei o ano exatamente como o comecei, eu passei o ano da forma como a maioria não consegue, eu transformei o álcool e a erva em grandes momentos e pensamentos, eu realmente amei mais os momentos em que senti que podia vivê-los, porque na grande maioria, eu passo desatento, então eu me embriaguei com fervor, com vontade, sem maldade, não importando mais a minha idade, no ano em que passou, eu terminei exatamente como comecei, sóbrio, passei o ano como a maioria consegue, me embriaguei, mas não como a maioria faz, eu me embriaguei de amor, eu amei.
Dentre todas as guerras por ego, todos os anos incompreendidos, todos os preconceitos absorvidos e absolvidos, todos os corpos apodrecendo debaixo da terra, são quantos? Dentre todo o amor passado e todo o amor absorvido, todo o sexo gozado e todo o sexo vagabundo e carente. De todas as espadas cruzadas e pernas cruzadas, de todas as armas que atiraram e pênis que gozaram, de todos os gemidos, os de dor e os consentidos. em dois milênios e catorze anos datados e registrados, mesmo depois da mensagem do messias, eu ainda sinto a solidão sombria do ser humano,a frustrada solidão que todos tanto escondem em seus rostos murchos e denunciantes, são quantos?
Eu peguei outra lata de cerveja ao passar por esse pensamento, e lembrei-me que todas estas sensações estão impregnadas no ser humano, o que quer que ele faça só quer perguntar ao mundo sobre o que ele é e não consegue saber, e penso que meu sonho estranho ou não, se diz algo sobre mim ou não, só reforça a impregnação em nós, a vontade de saber o que somos, por mais, a vontade de poder acabar com esse lixo que se passa por palavras de messias, as pessoas querem acabar com isso, elas não aguentam mais ter de se ajoelhar na igreja por um pouco de sensação de liberdade, pra depois que se levantam, lembrar que ainda estão mais acorrentadas.
Por fim eu penso, agora, terminando o último gole, depois de tudo o que fiz, de todas as recaídas e recuperações, sabendo que sou o Lesado da vila madalena, sabendo que tenho problema, eu penso que tudo isso que escrevi anseia por saber algo mais, e é tão humano isso de ter significado, pra quê informação se pode ser experimentado. por que ter significado se pode ser poético?
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